terça-feira, 16 de março de 2010

O idoso,a doença crónica e a medicação

Com o envelhecimento aumentam o número de doenças crónicas e com elas a consequente necessidade de utilizar medicamentos para o seu controlo. Embora nem todos os idosos necessitem de medicamentos, a existência de múltiplas doenças crónicas na mesma pessoa pode implicar a prescrição de fármacos de diferentes grupos terapêuticos, aumentando assim os riscos. O envelhecimento conduz a progressivas alterações da farmacocinética (factores que afectam a concentração e distribuição dos fármacos) e farmacodinâmica (efeito dos fármacos nos órgãos e tecidos).
A redução do fluxo sanguíneo hepático (fígado) as interacções medicamentosas, o tabagismo e algumas doenças mais prevalentes no idoso (insuficiência cardíaca, patologia tiróidal, cancro), contribuem para as alterações do metabolismo dos fármacos. A diminuição da função renal contribui para a sua acumulação (rins). Para além dos efeitos anteriormente descritos, diversos outros factores influenciam a eficácia e segurança da terapêutica do idoso, nomeadamente alterações da função cognitiva, factores financeiros e a existência de problemas de saúde concomitantes.
A terapêutica é outro dos problemas potenciais no idoso, se for incapaz de tomar os medicamentos correctamente, se os efeitos secundários forem intensos ou desagradáveis ou se os custos dos medicamentos forem considerados como lesivos do orçamento familiar. Das características do idoso que mais se associam com problemas com a medicação estão:
1. A apresentação atípica das doenças;
2. Ter mais do que seis problemas de saúde crónicos activos;
3. A poli medicação;
4. A susceptibilidade aumentada a reacções adversas a medicamentos.
Um dos factores que influência possivelmente o internamento hospitalar do doente idoso é á poli medicação, que constituiu um factor preditivo positivo em relação a tempo de internamento, reinternamento e mortalidade.

FACTORES ASSOCIADOS A PROBLEMAS COM MEDICAÇÃO
· Prescrição de medicamento errado ou desnecessário.
· Nova medicação ou medicação adicional desnecessária.
· Medicamento errado (contra-indicações, desadequado á situação para que é prescrito).
· Dosagem demasiado baixa ou elevada.
· Reacção adversa.
· Não adesão (incapacidade de tomar os medicamentos correctamente, custo, erro de prescrição).

CARACTERISTICAS DO IDOSO ASSOCIADAS A PROBLEMAS COM MEDICAÇÃO
· 85 Ou mais anos;
· Mais do que seis problemas de saúde crónicos activos;
· Diminuição da função renal
· Baixa peso ou baixo IMC;
· Nove ou mais medicamentos;
· Mais do que doze tomas de medicamentos por dia;
· Reacções adversas prévias.

FACTORES QUE INTERFEREM COM UMA TERAPEUTICA SEGURA E BEM SUCEDIDA
· Dificuldade em reconhecer a necessidade de tratamento (cultural, económica, física, psicológica);
· Apresentação atípica das doenças;
· Múltiplas doenças;
· Demência;
· Adesão deficiência (cultural, económica, física, psicológica);
· Poli farmácia;
· Susceptibilidade aumenta a reacções adversas a medicamentos;
· Alterações farmacocinéticas relacionadas com a idade (absorção, distribuição, metabolismo e excreção).

CONCLUSÃO

O idoso deverá ser informado sobre como tomar cada um dos medicamentos prescritos, o que fazer em caso de esquecimento de uma ou mais doses, onde guardar os medicamentos (temperatura ambiente/ frigorífico, luminosidade ambiente/ ás escuras), o possível benefício da utilização de caixas semanais de dispensa dos medicamentos.
No idoso com alterações cognitivas, de visão, de audição ou analfabeto, deverá procurar-se o apoio de terceiros (família próxima, apoio domiciliário, vizinhos) para a administração da terapêutica, bem como fornecer informação escrita sobre a administração de cada um dos medicamentos.

25-03-2010
Patologias e efeitos psicossociais da hospitalização do idoso
ANA SOFIA DA SILVA RIBEIRO
ZÉLIA MORAIS

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